São sete os elementos do GIPS – Grupo de Intervenção de Protecção e Socorro da GNR. Foram dos primeiros a subir à serra em pleno nevão de há duas semanas.
Nos momentos de maior aperto, em termos de necessidades de recurso a elementos da protecção civil, sempre que são chamados para o efeito, lá estão eles, sete homens, todos militares, actualmente ao serviço da Guarda Nacional Republicana (GNR), mais precisamente do Grupo de Intervenção de Protecção e Socorro (GIPS), a aplicar todos os conhecimentos que possuem no salvamento de vidas, nas situações mais adversas, mas também de protecção de bens.
Criado o grupo há cerca de um ano na Madeira, foram umas das equipas que, ao longo dos dias de inverno rigoroso que a Madeira viveu há duas semanas, aquando do nevão que assolou as zonas montanhosas, ajudaram a impedir que as pessoas passassem pelo ‘cordão’ de segurança. Inicialmente, estiveram de prontidão à entrada para a estrada que dá acesso ao Pico do Areeiro. Ali, naquele cenário idílico de neve, duas viaturas todo o terreno barraram os mais afoitos.
Naquelas primeiras do nevão (cujo coberto gelado ainda aguentou mais de uma semana em lento descongelamento), os homens comandados pelo fundanense Jorge Martins, mantiveram a serenidade para que estão treinados. De facto, é preciso ter muita preparação física, mas sobretudo psicológica para manter a calma e a concentração em cenários que, para a maioria das pessoas, seria de pânico e medo.
O primeiro sargento é natural do Fundão e, por isso, pode-se dizer estava nas suas ‘sete quintas’, embora as temperaturas estivessem abaixo de zero graus e as rajadas de vento gelado, carregado com neve e grazino, fizessem temer os mais impreparados. Várias vezes subiram ao Pico do Areeiro, várias vezes ficaram atolados, da última vez quase já sem tracção às quatro rodas que fizesse o carro andar, tiveram de usar das picaretas para tirar o manto de neve e gelo acumulado.
Como já dissemos, são sete os membros da GIPS alocados na Madeira, mas o que poucos saberão é que quatro deles são madeirenses. “Já se iniciou um processo formativo, tendo em vista a equipa ser formada por naturais da ilha”, frisou ao DIÁRIO em plena tempestade de neve. “Dados os constrangimentos geográficos, é natural que os continentais sintam mais dificuldades de adaptação, pela distância à família. Os madeirenses da nossa equipa conhecem perfeitamente a ilha e estão perfeitamente adaptados e preparados. A ideia é criar uma equipa de raiz do GIPS com madeirenses”.
Disponíveis para as necessidades que sejam pedidas pelo Serviço Regional de Protecção Civil, Jorge Martins não deixa de referir a sua total autonomia em termos de operacionalidade. “Estamos disponíveis a prestar apoio a todos os agentes de protecção civil da Região, sejam bombeiros, polícia, EMIR, Cruz Vermelha, etc. A nossa missão é apenas isto, não fazemos mais nada. É uma missão muito técnica (resgate em montanha) e requer que qualquer elemento desta equipa de dedique exclusivamente ao serviço”.
Uma das principais preocupações das várias equipas de resgate em montanha existentes – bombeiros, PSP, GNR – é o facto de haver, com elevada frequência, pessoas a perderem-se nas levadas, muitas vezes em situações complexas. “Fruto da curiosidade e alguma inexperiência, estamos sempre prontos a fazer esse trabalho, subimos à montanha, procuramos os sítios com maior afluência turística porque a história diz-nos que é nesses locais que ocorrem a maioria dos acidentes. E há alguns com gravidade, que levam à morte de pessoas”, lamenta. Presentes nos locais, transmitem alguma segurança, acredita Jorge Martins, mas caso aconteça um incidente, estão preparados para tudo.
Subordinados ao Comando Regional de Operações de Socorro (CROS), estão aptos e sempre disponíveis para efectuar o resgate - no ano passado participaram numa operação que durou 30 horas, juntando várias entidades, para salvar um turista perdido na montanha -, utilizando todo o tipo de equipamentos (cordas, ferros, macas, material de primeiros socorros, etc). É um estado de prontidão constante, esteja bom ou mau tempo, para responder quando forem precisos. E isso - prevenção - nunca é demais.